quinta-feira, 2 de outubro de 2008

911, será a solução?!

Salve, Salve!

Vou começar do seguinte modo:

Eram 22:50hr dessa segunda-feira, quando meu pai começou a passar mal, sentia algo estranho no colo, mas eu até então, assistindo a Tela Quente com o filme Desventuras em Série, não havia percebido a movimentação, mas quando minha mãe ficou para lá e para cá dentro de casa, daí eu percebi que algo estava acontecendo.
Perguntei a ela o que era e ela disse que meu pai estava com uma dor na barriga e que ele nunca havia sentido dor igual. De todo modo, foi chá pra lá, chá pra cá, compressa de água quente, ferro quente na toalha molhada e por aí vai. Quando de repente minha mãe me para diante da televisão e em sussurros me pede para ligar para o 192 – SAMU (aos sussurros porque meu pai odeia médico), diante do pedido de minha mãe, que também é agregada ao acaso, ou seja, só vai ao médico ao beirar a morte - e nesse caso ela parecia muito preocupada-.

Como aqui em casa nosso telefone está ruim e meu telefone celular estava sem crédito, tive que ir na casa da frente, também conhecida como Casa da Minha Vó, para poder ligar para o 192 – SAMU.

Vamos ao que interessa nesse telefonema:

UM - Eles não me atenderam, fiquei preso a uma gravação em que me agradeciam por ligar para a 192 – SAMU, mas na boa, isso não deveria ser no final?! Ah, liguei mais de 5 vezes!

DOIS - Eu no intuito de ligar para o 193 – Bombeiros, acabei ligando para o 190 – Polícia, quando me atende um policial (e eu jurando que era um bombeiro), passei os meus dados e o que estava acontecendo ao meu pai e disse que queria uma ambulância para ele. O policial confirmou todos os meus dados e disse que estava mandando uma solicitação de ambulância para o 16º Batalhão Corpo de Bombeiros. Tudo bem, perguntei quanto tempo iria demorar e ele me respondeu: “Cara, não sei, isso é com o pessoal do Corpo de Bombeiro, nós da polícia não podemos enviar ambulância”.

Foi quando me toquei.

TRÊS – Nesse meio tempo eu ainda com o telefone em mãos, levei um Buscopan para meu pai que minha vó havia mandado. O telefone toca, é um outro policial dizendo que não poderia mandar realmente nenhuma ambulância , pois não parecia ser nada muito sério. Mas como eu disse que o que meu velho sentia era dor abdominal, ele, o policial, fez o seguinte comentário: “Cara, se liga, essa parada outro dia desse aconteceu em Olaria e é o seguinte, babou!”. Eu estava tranqüilo e continuei a conversa como se o idiota não tivesse dito isso e ainda me disse para ligar para a 192 – SAMU, pois eles teriam melhores condições de atendê-lo.

QUATRO – Novamente, seguindo conselhos do policial, o Senhor Sinceridade, liguei de novo para a 192 – SAMU, e dessa vez, pasmem, fui atendido. A atendente Solange me atende por volta das 23:20hr e me faz uma série de mais ou menos 10 perguntas, o que num caso de emergência não me parece nada prudente, beleza, respondi cada qual me foi perguntada. Quando, por fim, achei que houvesse terminado, ela me manda esperar na linha que a médica iria falar comigo. Ao telefone?! Bom, aguardei, uns 5 minutos, quando ela me atendeu, não deu boa noite e nem o seu nome, ainda perguntei qual o nome e ela só me perguntava: “ Qual a emergência e os sintomas?!”. Expliquei que meu pai estava com dores abdominais, que suava frio e que estava com uma certa palidez. Diante de meu diagnóstico apurado, do tipo que se faz em casa mesmo, ela me perguntou se ele havia tomado algum medicamento. Respondi que um Buscopan e algum chá. Ela me disse o seguinte: “ Manda ele tomar um Paracetamol agora e daqui a quatro horas que ele tome novamente o Buscopan e um novo Paracetamol.
Agradeci ainda a maldita que disse não haver necessidade de mandar uma ambulância para o local e que após as medicações, caso ele não melhorasse o quadro, retornasse a ligação. Na boa, tu acha mesmo que eu ia passar por aquilo de novo para uma mulher que eu nem sei quem, do outro lado me receita remédios que podem nada ter haver com os sintomas?! Claro que não!

Voltei pra casa e num momento nada haver, meu pai nu e minha mãe passando o ferro sobre a sua barriga, cena deplorável, porém, vi com que carinho os dois se tratam e comovido, e em tom quase que nórdico, digo: “Vamos, ponha a roupa que nós iremos ao Hospital Estadual GETÚLIO VARGAS...”. Meu pai tematizando um momento nostalgia, parecia uma criança de 5 anos, dizendo: “ No hospital não, tenho horror a hospital...”. Que viadinho... hahahahaha

Nisso o vesti, peguei os documentos do carro, as chaves e dei tudo na mão do meu tio (minha carteira está vencida e não posso pegar carro para dirigir). Chegamos ao HEGV fui direto ao Balcão de Boletins, lá a menina disse que antes eu deveria passar na triagem, uma espécie de tenda separada para que pudessem diagnosticar o que meu pai tem antes de ser atendido. Numa portinha, eu entrei, e me deparei com uma bonita doutora, acho eu, meu pai adorou ser atendido. Depois de ser constatado que além da forte dor abdominal, também estava com pressão alta - 180x110 (foi isso o que a doutora escreveu), fomos ao Balcão de Boletins novamente, e dessa vez recebemos um boletim e ele pode em fim entrar (eu não pude, o hospital não permite acompanhantes. mas como?! E seu meu pai precisasse de mim e não quisesse que eu ficasse longe, para se sentir mais seguro ou mais confortável?! Loucura, né?!), subiu a rampa de acesso com uma certa dificuldade e sempre com as mãos na região da barriga.

Fiquei mofando uma hora e meia no lado de baixo da emergência, quando já não agüentando mais fui ao rapaz que vigia a entrada para a parte de cima, ele, claro, me disse não. Mas nisso já comecei a falar um pouco mais alterado e mandei vários “caôs brabos” que minha mãe havia ligado chorando que queria notícias dele e blá blá blá...

Nisso aparece um rapaz lá da janelinha de cima me perguntando como o meu pai era, quando eu o respondi, ele falou: “Ele está aqui...” e lá de cima olhando para o meu pai, ele sussurrou (fiz leitura labial para saber o que ele havia dito): “Opa, acho que te conheço?!” E lá de cima, ele grita perguntando: “ O Neto é o seu pai?! Sobe aí...”

Viu como em todo e qualquer lugar sempre se pode dar um jeito?! Passei pelo segurança do 2º nível numa marra gigante e ainda dei uma arrastada de pé quando passei a sua frente.

Ao chegar, meu pai está sentado em uma poltrona reclinável, cheio de agulha enfiada e coisa e tal, batendo maior papo com o camarada dele, aquele que me mandou subir.

Ficamos alguns minutos ainda ali, pois ele tinha uma seringa em sua mão que deveria acabar o medicamento, ainda conhecemos um maqueiro que havia acabado de “coitar” com uma funcionária da limpeza, e em uma de suas mãos ele tinha uma camisinha cheia de “muco espermático” e que foi lançada por ali mesmo, entre macas e cadeiras onde ficam pacientes em repouso.

Finalmente, a doutora nos chama e passa uma série de informações, tira novamente a pressão do pai, e confere que já tinha diminuído. Receitou uma série de medicamentos e de exames para fazer. E o da alta do hospital, o diagnóstico inicial da doutora foi: “ Possível Cálculo Renal...”.

Ainda terá a ultra-sonografia para poder dar um diagnóstico mais detalhado, mas me diga, e se não fossemos ao HEGV?! E se fossemos na da “médica” do 192 – SAMU?! Não que não tenha competência, mas custava mandar uma ambulância?! E se a dor na barriga fosse uma hemorragia interna?! Pois bem, não sei se sou eu que peço demais ou se realmente as prioridades públicas passam longe de um certo grau de humanidade, o que me faz ter idéias insanas e imundas. O maqueiro mesmo do HEGV disse: “Uma vez um cara espancou um médico daqui porque ele não quis nem olhar o pé do filho dele por que estava sujo.”. O pior é que eu sei que esse tipo de coisa acontece, e na boa, revolta, humilha e desvirtua uma reação agressiva que foi gerida de uma ação desumana.

Agora são 02:23hr da madrugada, terça-feira, 30 de setembro e ainda estou tentando entender. Não consegui atendimento nenhum para meu pai pelos serviços públicos prestados por telefone, nem 193, 192 e 190, acho que está na hora de ligar para o 911, será?!

Será que isso vai melhorar?! Para que UPAs se temos hospitais que apenas não funcionam por falta de médicos?

Não vou dormir tão cedo cheio de perguntas na cabeça, mas espero ter posto alguma coisa na sua cabeça também, afinal, somos humanos e necessitamos de cuidados.

OBS: Meu pai graças a Deus passa bem e está entendendo em fim que está envelhecendo.

Galera, até mais.

OBS ²: São 02:37hr e agora me atenderam rapidinho no 192 – SAMU, por que, né?!

Bruno Costa
brunobub@gmail.com
Virando a Página

3 comentários:

  1. essa parada de não gostar de médico é dessa galera mais madura mermo, mas já q voce falou q o neto é viadinho, quem sou eu pra falar que não xD

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  2. Bubile, é mesmo terrorismo o que fazem com as pessoas (SERES HUMANOS), esses quase animais do serviço público.

    Será que eles nunca ficam doentes, ou que as pessoas que eles amam tb não precisam de cuidados???

    Sempre penso nisso...

    Mas ainda bem que seu pai tem vc... e a gente que pede a Deus pela saúde dele e se preocupa com ele só por ele ser seu papai. Tem que ser gente boa, senão não tinha um filho assim!

    Estamos juntos, sempre!

    E abaixo a "animalização" da saúde!

    Beijos, Rê

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  3. matéria muito pesada...fiquei triste de ler,porque a gente lembra q isso acontece com bastante,aliás ,com muita frequência...mas sei q por isso ainda que ruim é sempre importante se falar...
    mas o pior já passou ...energia positiva
    bj

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